sexta-feira, outubro 12, 2007

Informalidade

Hoje resolvi almoçar fora, lá perto do Centro de Luanda. No caminho de volta, nos 30 minutos que passei dentro do carro nas ruas congestionadas da cidade, e vim pensando no que escreveria neste post.

(1) Consegue-se comprar praticamente qualquer coisa no mercado informal nas ruas, na janela do carro. Só nesse trajeto vi vendedores oferecendo: frutas, acessórios de carro, galinhas vivas, ferro de passar, carrinho de bebê, cabideiros, tapetes (dos grandes!), quadro branco, roupas sociais, malas de viagem, DVDs, óculos de sol, compra/venda de dólar... Eles trazem a maioria dos produtos do famoso mercado "Roque Santeiro" (um dos maiores mercados a céu aberto do mundo) que é o principal centro de abastecimento da cidade.


(2) Na falta de transporte público na cidade, existem os "candongueiros". São vans pintadas de branco e azul (que aparecem nas fotos aí em cima), sempre acima da lotação máxima, dirigindo de maneira nada segura e ajudam a deixar o trânsito ainda mais caótico.

(3) No meio do caos da cidade, só mesmo uma boa música para animar! Os principais ritmos de Angola são o Semba, o Kuduro e a Kizomba. O semba é também conhecido como "umbigada", antepassado do nosso samba brasileiro e de outros ritmos africanos. O Kuduro é o funk dos angolanos, uma mistura de rap com funk que surgiu nas periferias e virou febre. Já a kizomba é um ritmo mais leve, fusão entre o semba e o zouk. Uma variação da kizomba é a "tarrachinha", bem mais lento e sensual com uma maneira bem "particular" de dançar.

Aproveitando o tema musical, quem quiser conhecer um ritmo diferente, vale a pena conferir o vídeo da cantora Lura, que é cabo-verdiana. Ela canta em crioulo, que é uma mistura de português com línguas nativas de Cabo Verde, e é a língua não-oficial do país.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Relax

Na última vez que sai de férias, resolvi ficar no Rio. Mas não consegui descansar como gostaria porque estava correndo atrás de um apartamento para morar, e resolvendo todos os problemas que estavam pendentes.

Dessa vez resolvi realmente relaxar: vim passar 10 dias em Luanda! Estou a-do-ran-do! Aqui eu não tenho compromissos, não tenho coisas para resolver, então me obrigo a descansar. Acordo todos os dias depois das 10h, leio livros, vejo filmes em DVD e coisas inúteis na internet...


Luanda, como sempre, me surpreende a cada vez que venho. É incrível ver as mudanças que a cidade vem passando nos últimos anos: a reconstrução pós-guerra civil patrocinada pelos enormes investimentos estrangeiros da indústria do petróleo muda a paisagem da cidade, trazendo infra-estrutura, novos negócios e mais investidores. Os vôos chegam lotados à Angola com pelo menos 70% de chineses e filipinos que vem trabalhar na construção civil. Pequenos investidores de vários lugares do mundo (muitos brasileiros) vem para o país montar pequenos negócios que geram mais empregos, renda, e ajudam a impulsionar ainda mais a economia. Hoje já temos aqui uma rede de padarias brasileiras, restaurantes para todos os gostos e bolsos, shopping center, cinemas, tem até um Bob's no lugar mais badalado da cidade e um mega hotel 5 estrelas sendo construído. O problema é que o custo de vida ainda é elevadíssimo. Grande parte dos produtos que encontramos no supermercado ainda é importado (pois não tem produção interna para suprir a grande demanda), fora o preço que se paga pelos serviços básicos como água e eletricidade - aqui precisa ter um gerador em casa para garantir energia elétrica disponível 24h/dia.


Depois de 26 anos de guerra civil, o país tem que passar por um período de transição para se reestruturar. Mas aqui o ritmo é acelerado...