sábado, junho 17, 2006

"VANI"

Há 28 dias (desde que eu estava no Gabão) fui invadida por um "VANI" - sigla que criei para "Virus Africano Não Indentificado". :-)
Desde então tenho febre todos os dias, dor de cabeça, e só. Já fiz muuuitos exames, inclusive uma tomografia, e nada é encontrado. Acho que isso vai embora antes que seja diagnosticado!
Enquanto isso continuo "de molho", aproveitando o Brasil, aguardando que eu melhore para que eu possa voltar para concluir meus trabalhos por lá, já que estou com a minha volta definitiva para o Brasil prevista para 15/julho, se tudo der certo.


quinta-feira, maio 25, 2006

Nacala

Nacala é uma cidade ao norte de Moçambique na província de Nampula (200km da capital da provincia, Nampula). O hotel que eu fiquei fica na margem da Baía de Nacala (foto aí ao lado), ao lado de uma pequena vila de pescadores. A economia da cidade gira em torno do Porto de Carga Geral que existe lá hoje, mas o comércio da cidade é muito pouco - algumas poucas lojas, e camelôs nas calçadas.
Aquela região é de maioria muçulmana, muitas mesquitas espalhadas pela cidade (apesar de eu ter visto dois tempos da Igreja Universal).

A grande maioria das casas na cidade são muito simples, de sapê com telhado feito de palha. Não existe água encanada ou energia elétrica. As famílias saem cedo de casa para buscar água, colher alimentos (mandioca, abóbora, frutas) e buscar lenha e palha. As mulheres e crianças carregam bacias cheias e muito pesadas na cabeça por quilômetros, debaixo do sol forte, desde muito cedo (vi crianças de uns 2 anos de idade já carregando seus cestos na cabeça, ou mesmo carregando irmãos menores amarrados nas kapulanas).

Kapulanas são os panos que as mulheres usam como saias, e também para amarrar os bebês nas costas. As crianças ficam quietinhas, embaladas enquanto a mãe caminha em busca de água e alimentos, trabalha na pequena lavoura da família, ou enquanto cuida das outras atividades domésticas.

As praias são de uma beleza deslumbrante, águas cristalinas e calmas, grandes recifes de corais e bancos de areia que deixam a tonalidade da água azul clarinha.
Uma beleza quase que intocada - nas praias podemos encontrar facilmente grandes conchas, inteiras, na areia da praia.


E para quem gosta de frutos do mar, lá é o paraíso... Vejam só o tamanho dos camarões de lá! Isso não é uma lagosta, para quem duvidar... É um camarão mesmo. E os talheres e o prato são de tamanho normal (e não de sobremesa).

Quando eu estava almoçando no hotel passaram 2 rapazes carregando um marlim enorme, de uns 2 metros de comprimento, que tinham acabado de pescar. Pena que eu não estava com a máquina fotográfica na hora!

Doenças tropicais

Quando se está aqui na África qualquer resfriado pode significar um bicho de 7 cabeças.
Estrangeiros (como eu) por aqui não tem anticorpos para alguns virus considerados "simples" por aqui, e as coisas podem se complicar.
Desde domingo quando eu estava em conexão em Paris estou doente, piorei quando cheguei no Gabão, fui em um médico aqui em Libreville e ele disse que estava com todos os sintomas de malária - febre, dores no corpo, fraqueza, etc.
Fiz o exame de sangue e já comecei o tratamento específico de malária (segundo as médicas da empresa que estão me acompanhando um "tiro de canhão" para matar qualquer virus possível).
No final das contas o resultado do exame deu negativo para malária, apareceram alguns traços das bactérias que levam à febre tifóide, sinais de infecção, mas no final nada conclusivo. Resultado: estou "de molho" no hotel me recuperando me enchendo de remédios.
Estou bem melhor hoje, e viajo para Johannesburg neste final de semana para fazer uma bateria de exames só para certificar que não estou com nenhuma doença mais problemática.
Ninguém merece....

domingo, maio 21, 2006

Atualização

Como sempre eu não tenho parado um instante sequer, e falta uma oportunidade de atualizar o blog.

Para atualizar:
- Desde o último post já estive 1 semana no Brasil (entre Rio, Macaé e Minas Gerais), 1 semana em Johannesburg, depois fui para Nacala, depois Maputo, depois Tete, voltei para Maputo e agora estou em Paris a caminho de Libreville, no Gabão.
Finalmente comprei uma máquina fotográfica, e tirei muitas fotos para postar.

Tentarei escrever a respeito de cada lugar, com as respectivas fotos, ao longo da semana...

sábado, abril 22, 2006

Passeios

Como sempre eu, atolada, nao venho conseguindo atualizar este blog. Mas vou tentar recuperar o tempo perdido:
- No ultimo final de semana tivemos um feriado prolongado, como eu disse no post anterior, e meu love veio passar uns dias comigo, e foi otimo!
Fomos ao Lion Park, e chegamos bem na hora do almoco dos "bichinhos". Olha so esta foto desta leoa fazendo um lanchinho...

Aproveitamos para ver os filhotinhos no Cub World. Engracado que eles colocam os filhotes de hiena junto com os de leoes ate uma certa idade (convivendo super bem, brincando um com o outro), e so depois separam (provavelmente quando o instinto do leao comeca a despertar...).

Na segunda-feira fomos fazer um passeio muito interessante, no Cradle of Humankind. Entramos na caverna de Stekerfontein, 70m abaixo da superficie, com estalactites e estalagmites, corredores de 50cm de altura indo para debaixo da terra - meio claustrofobico, mas muito interessante! Nesta mesma caverna encontraram o famoso fossil do "Little Foot", com 3 milhoes de anos (e eh um esqueleto quase completo - esta ai na foto).


Para completar, fomos fazer um "late lunch" no Montecasino, que eh como um shopping Downtown melhorado. Parece uma cidadezinha europeia, com restaurantes, casinhas antigas. O teto eh pintado de azul com nuvens, entao parece que esta de dia o tempo inteiro. Muito lindo e agradavel.

Comentario: na entrada tem uma escada na lateral que vai para o "guarda-armas" (que nem um guarda-volumes) antes de chegar nos detectores de metal - e a maioria das pessoas que entravam no Montecasino iam direto para essa escada! Coisa de louco....

Voltei agora a pouco de Mocambique onde fui para umas reunioes. Estou indo para o Brasil na quinta-feira para uma visita rapida (vou ficar boa parte do tempo em Minas Gerais), e depois volto para mais um tour africano: Johannesburgo, Maputo, Tete (interior de Mocambique), Angola, Gabao, com uma rapida conexao em Paris a caminho do Gabao. Nada mau... :-)

segunda-feira, abril 10, 2006

Melville

Neste final de semana fui jantar em um lugar muito legal: Melville.
Geralmente os restaurantes aqui ficam dentro de shoppings ou então em pequenos conjuntos comerciais cercados com grades.
Melville é o único lugar que encontrei até agora na cidade onde se pode andar à pé nas ruas! Restaurantes e barzinhos muitos legais, o clima muito agradável. Comi em um restaurante Tailandês muito interessante, com decoração linda, e tinha até uma oriental que fazia massagem nos clientes :-).

No domingo conheci finalmente Rosebank, onde tem uma mega-feira de artesanatos. Cada coisa mais linda que a outra, e com preços bem mais baixos que estas lojas que eu costumo comprar no aeroporto, na volta para o Brasil.

Esta semana será agitada: além das minhas milhares de reuniões (são quase 22h e eu ainda no trabalho, para variar...), meu love está chegando para ficar uma semana aqui, aproveitando os feriados da Páscoa e o Family Day, na segunda-feira. Depois colocarei as fotos aqui dos passeios que vamos fazer.

quinta-feira, março 30, 2006

Vida atarefada...

A vida aqui está uma correria. Muuuuito trabalho, mas gratificante pois estou aprendendo muito profissionalmente.
Na semana que vem passarei 3 dias em Maputo (Moçambique), e no final do mês de abril vou começar mais uma dessas viagens mais longas, passando por Moçambique, Angola e Gabão (mais uma vez).

A foto aqui embaixo é do Museu da Escravatura, em Luanda. É de lá que saíam os escravos comprados pelo Brasil nos navios negreiros...

E para não dizerem que nesse blog não tem bichos.... Olha que coisinha mais linda esse "lion cub":


segunda-feira, março 27, 2006

Lion Park

Neste domingo fui em um lugar incrível, aqui pertinho de Johannesburg: o Lion Park.
Chegamos meio-dia lá, exatamente a hora da refeição dos leões. Os caras do parque traziam uns pedaços enoooormes de carne (acho que eram vários bois e cabras em pedaços), e os leões corriam para pegar os maiores pedaços. E tinha briga e tudo! Muito interessante... A gente entra nos lions camps no nosso próprio carro, com as janelas fechadas. E eles ficam lá, a 1 metro da gente como se não estivéssemos lá.

Depois de ver muitos leões grandes foi a vez dos cubs (filhotes). Eu entrei numa parte onde tinham 4 filhotinhos que podíamos brincar e tirar fotos com eles. Uns fofos! Pena que minha máquina fotográfica não está funcionando. Tirei do celular, mas ainda tenho que comprar um cabo para passar as fotos pro computador.

Além de leões de todos os tamanhos e tipos (brancos, amarelos e outros com a juba preta), tinham girafas, hienas, chacais, antílopes, zebras... Uma experiência bem africana há 30 minutos de onde estou morando!
:-)

segunda-feira, março 20, 2006

I'm back!

Depois de uma longa temporada off-line, estou de volta. Estive no Brasil por 3 semanas. Curti o carnaval em Buzios com meu love e minha happy-family, trabalhei pra caramba durante os outros dias todos.
Cheguei de volta a Johannesburg hoje de manhã. O vôo é muito cansativo, não consegui dormir nada.

Novas curiosidades daqui para não perder o costume: hoje vim do aeroporto conversando com o motorista que trabalha para a empresa aqui. Ele é de uma etnia chamada Xhosa. O idioma nativo deles é interessantíssimo, porque eles têm o que chamam de "click consonants" - por exemplo o Xh de Xhosa é falado com um estalo da língua no céu da boca. E tem vários tipos de clicks. Eu já tinha ouvido falar, já tinha visto gente tentando imitar. Mas hoje eu pude realmente ouvir um nativo do idioma falando. Interessantíssimo!
Além desse idioma ele fala outros 7, incluindo inglês, Afrikaans e as línguas nativas.
(aqui ser poliglota não é um diferencial... hehehe)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Miradouro da Lua

Finalmente consegui fazer o upload das fotos... Veja esta no Miradouro da Lua, em um final de tarde - obviamente fazendo uma homenagem ao Brasil :-)


Um país com belezas naturais exuberantes, mas sempre tem o constraste, há poucos minutos deste local...

A cidade de Luanda é inchada pelo pessoal que fugiu do campo por causa da guerra e veio para a cidade, criando esta grande comunidade sem infra-estrutura (sem luz, água, esgoto).

Existem projetos de investimento em regiões do interior do país que foram destruídas pela guerra para que essas pessoas possam voltar para lá. O país tem recebido muitos investimentos (parece que é o 5o. no mundo em recebimento de investimento), é um povo cheio de esperança e tem tudo para dar certo!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Cabo Ledo

Cheguei em Angola este sábado. Passei um final de semana maravilhoso com o meu love...
No domingo passamos o dia em Cabo Ledo, ao sul de Luanda. O lugar é simplesmente surreal! Falésias enormes, praias onde só se chega com carros com tração 4x4, ondas perfeitas (paraíso para os surfistas), rochas esculpidas pelo mar...
Na volta passamos no Miradouro da Lua. Tirei umas fotos especialmente para o blog, e depois vou postar.
No caminho vemos milhares de Imbondeiros, que é a árvore típica da região e presente em grande parte da África sub-sahariana (chamadas no Brasil de Baobás). São enoooormes, e sobrevivem mesmo com o clima seco, se destacando nas savanas.

(agora finalmente consegui colocar estes links com fotos da internet! - Adelia/Roberto: copiei a idéia de vocês...)

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Luto

A violência chegou perto...
Acabei de chegar no escritório (em Johannesburgo) e fiquei sabendo que a mãe de um amigo daqui do trabalho foi assassinada ontem em um assalto na casa dele.

Ela é de Moçambique, chegou na segunda-feira para passar uma semana com o filho, de surpresa. Ontem ele teve que trabalhar até mais tarde. Quando chegou em casa, encontrou a casa arrombada, a mãe morta, as luzes apagadas, só com a televisão ligada.

E hoje seria o aniversário dela.....

domingo, janeiro 29, 2006

Nyonié

Aproveitei o final de semana para conhecer um pouco da região. Comprei um pacote turístico para Nyonié, que fica na reserva florestal de Wonga-Wongue.
Saímos no sábado de manhã, 1:05h de lancha pelo estuário, passando por uns rios totalmente intocados, somente com o mangue nas margens e florestas tropicais. Saltamos em um pequeno vilarejo (pequeno mesmo, umas 15 casas no máximo), somos recebidos por pick-ups que nos levam por uma estrada de terra e lama de uns 20km até chegar na pousada.

No meio do caminho nos deparamos com pegadas de elefantes que passaram por lá há poucas horas, e cruzamos o ponto exato onde passa a linha do Equador, indo para o hemisfério sul da Terra, passando por savanas e florestas lindíssimas.
A pousada é totalmente rústica, energia elétrica a base de gerador, quartos simples (com banheiros coletivos do lado de fora). No total éramos um grupo de 25 turistas, entre franceses, italianos, austríacos, um japonês e brasileiros.
A praia é totalmente selvagem, a água quente como no nordeste do Brasil, muitos siris pequenininhos e muitas toras de madeira nobre (estas toras são transportadas pelo mar, unidas por cordas. Em dias de mar agitado algumas de desprendem e vão parar nas praias da região).

Fizemos um "safari", mas na verdade só serviu para ver uns búfalos, um macaquinho de longe e uma cobra no meio da estrada - frustração, porque eu queria mesmo ver os elefantes.

No domingo, enquanto o pessoal da pousada acordava 5h da manhã para caminhar na floresta aproveitei para ficar na praia, no mar, vendo os golfinhos e curtindo o barulho das ondas e dos pássaros (sem ouvir vendedores de picoles, cerveja, etc como temos no Brasil...). Algo surreal.... A praia é maravilhosa...

Bom, resumindo: foi ótimo para sair da realidade de trabalho e recuperar as energias...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

No Gabão

No momento estou em Libreville, a capital. Ela tem uma certa infra-estrutura, um bom hotel (Le Meridien), etc, mas não tem praticamente edifícios comerciais. As empresas aqui se estabelecem em apartamentos residenciais - então a recepção fica na sala e os escritórios/mesas ficam nos quartos.
A cidade fica à beira do que eles chamam de "estuário", que parece a foz de um rio, que dali vai desembocar no mar depois de alguns quilômetros. A água é escura, então não existem boas praias por aqui. As melhores ficam mais distantes, já no mar aberto (mas ainda não tive oportunidade de conhecer...)

O país tem 1,2 Milhões de habitantes, sendo 500 mil na capital. 10.000 estrangeiros. Colonização francesa. Mais de 80% do país é coberto de florestas tropicais. A economia é baseada no petroleo (a maior parte) e depois na extração de madeira. Tem o mesmo presidente há 39 anos!
Existem cerca de 40 grupos étnicos (o maior deles é o Fang), inclusive com uma pequena população de pigmeus (que vivem no meio da floresta, isolados do resto do mundo). Dentre as grandes etnias existe uma certa rivalidade (tanto que temos que ter cuidado ao contratar empregados para trabalhar em um determinado grupo, para não gerar conflito por serem de etnias diferentes).
Os homens costumam casar com várias mulheres (o que é um sinal de poder). As famílias vivem em geral da caça e agricultura de subsistência. Vemos sempre as mulheres buscando lenha na floresta para cozinhar, carregando tudo em uma espécie de mochila feita de palha. E os homens voltando da caça satisfeitos, mostrando suas conquistas (macacos, veados e outros bichos que não soube identificar) e comemorando a base de "vin de palm", que é uma bebida alcóolica que eles tiram das palmeiras, meio esbranquiçada.

As pessoas utilizam muito os curandeiros, que usam ervas e raízes das florestas para tratar os mais diversos males, inclusive malária (que tem muito por aqui). Mas essas técnicas também são utilizadas para "trabalhos", tipo "voodoo": para recuperar um amor, ou punir alguém que fez algum mal. E já ouvi alguns casos de pessoas que foram alvos de um destes "trabalhos" e morreram em questão de poucas semanas. Ah! E tem também um veneno famoso que eles usam por aqui, feito a base de fígado de pantera!
(por via das dúvidas vou ficar bem longe disso... :-))


Aí está uma foto da primeira vez que vim ao Gabão, em uma estradinha de terra entre Okondjá e Franceville. O pôr-do-sol na África é impressionante...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Na Embaixada

Eu tinha uma reunião marcada com o Embaixador às 11h para poder liberar meu visto. Fui recebida muito amavelmente pela assistente, que me encaminhou para uma sala de espera, onde fiquei por uns quarenta minutos. Depois me chamaram para ficar na sala de espera ao lado da sala do Embaixador. Resutado: passei 2:30h esperando o Embaixador me receber por 5 minutos para liberar o visto!

Comentários:
- Aqui em Joburg a maioria dos vigias, porteiros, recepcionistas, etc são negros, e os cargos de maior nível em geral são preenchidos por brancos (ainda herança do Apartheid, problemas sociais, etc). Mas quando cheguei na Embaixada reparei que todos os empregados são negros (gaboneses) e os 2 vigias na entrada eram brancos (achei curioso!).

- O preconceito dos brancos contra os negros ainda é muito forte, mas "inibido". A pessoa que me levou na Embaixada em Pretoria era branca. Depois de me esperar por todo esse tempo, quando eu entrei no carro ela ficou reclamando "Monkeys, monkeys!", porque é inadmissível um atraso destes, e depois ficou relembrando a época de ouro quando se tinha o Apartheid, e os brancos podiam andar livremente nas ruas, era um país "como a Europa", todos tinham dinheiro, etc...

- Descobri através dessa mesma pessoa que a maioria dos jovens brancos de Joburg andam armados, devido à grande violência das ruas (como uma maneira de se proteger). E que essa mesma pessoa já foi salva pelo filho quando tentaram sequestrar o carro deles, dando vários tiros, e o filho que estava armado respondeu com mais tiros e os caras fugiram...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Carro / Gabão

Finalmente meu carro chegou. Vamos ver se eu consigo dirigir direitinho, sem entrar na contra-mão de vez em quando... Finalmente poderei fazer compras no supermercado (antes que feche às 18h...) e jantar decentemente.

Estou indo pro Gabão na segunda-feira. Ficarei uma semana sem Libreville (a capital) depois vou para o interior (Franceville, que fica ao sul, e Makokou, que fica mais ao norte). Para Makokou será a primeira vez que vou (é uma cidade muito pequena, e infra-estrutura precária). Várias horas de carro vindo de Franceville, em estrada de terra no meio da floresta fechada, passando pelas comunidades que vivem na beira das estradas. Será uma experiência interessante, que contarei nos próximos posts.

A logística das companhias aéreas aqui é uma loucura. Um vôo por semana (2a. feira) de Johannesburg para Libreville, com escala no Congo Brazzaville, e um vôo de volta (4a. feira). As outras opções são:
- Air Gabon (que está falindo, cancela os vôos em cima da hora e não faz manutenção dos aviões);
- Ir para Paris e de lá ir para Libreville (custa uma fortuna).
Vou acabar indo 3 dias antes do dia que eu realmente precisaria estar lá, e voltar 5 dias depois do término dos meus compromissos, só por causa da falta de vôos....

Se eu tivesse muito dinheiro, montaria uma empresa aérea aqui na África!!

P.S.: o Embaixador do Gabão não quer liberar meu visto - já está até com o selo no passaporte, só faltando a assinatura dele... Porque como brasileira eu em teoria deveria tirar o visto no Brasil. Resultado: tenho que ir até Pretoria amanhã pessoalmente na Embaixada para resolver isso...

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Johannesburg

A vida aqui na África do Sul (principalmente em Johannesburg) gira em torno de quem tem carro.

Os transportes públicos são raros e ineficientes (podem até existir, mas eu nunca os vi).
Os táxis não são confiáveis (sempre com o risco de você não chegar no seu destino), e custam uma fortuna.
A maioria dos prédios não tem entrada de pedestres - quem está a pé (como eu), tem que entrar pela cancela da garagem.
Não é seguro andar na rua a pé, muito menos sozinha. O crime é um problema seriíssimo por aqui, principalmente crimes violentos – então, não se pode dar bobeira...

Resumo do meu final de semana: entrei em casa na sexta-feira à noite depois do trabalho (vim de carona, porque não posso voltar sozinha pra casa), e só sai segunda de manhã.
E ainda não tenho internet em casa, e o telefone não está funcionando. Quando resolvi ir para a piscina do prédio, começou o maior temporal.
Fiquei assistindo filmes na TV – sorte que eu pelo menos tenho TV a cabo!

Pior que nem pedir comida em casa eu consegui ainda, porque a taxa de entrega é uma fortuna (quase o preço da refeição!) - Estou me virando com o que eu tenho em casa.

Curiosidades:
- Cada província tem pelo menos um idioma nativo (que eram dos povos da região antes da colonização), além do inglês e do Afrikaans. Ou seja, são várias línguas oficiais no país. Aqui em Johannesburg tem o Zulu, que é a que os negros falam entre si. O Afrikaans é uma língua meio parecida com o holandês arcaico (porque aqui foi colonizado por holandeses e depois pelos ingleses). -- Acho que é por causa destes idiomas que as pessoas daqui tem o inglês com sotaque tão carregado. :-)

- Os shoppings e supermercados fecham às 18h todos os dias. Acho que só restaurantes e cinemas ficam abertos até mais tarde. Até onde eu ouvi falar ainda é uma herança do apartheid, quando os negros tinham o "toque de recolher" às 19h.
- Pra quem não sabe, aqui o trânsito é com mão-inglesa... (vamos ver como me adapto...)
- As pessoas não têm costume de sair para almoçar nos dias de trabalho - todos comem sanduíche no escritório mesmo, e saem às 17h “Sharp”
- só os brasileiros mesmo ficam até tarde da noite...
- É em Cape Town que fica o famoso Cabo da Boa Esperança (das nossas aulas de História do Brasil), e o Cape Point (o encontro dos Oceanos Atlântico e Índico). Lugares lindíssimos que vale a pena conhecer – recomendação para quem quiser fazer turismo por aqui.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Impressões


Estou na África pela 5a. vez. Já estive em Angola, Gabão, Moçambique e agora na África do Sul. Curioso, porque vim para a cá por conta própria 2 vezes antes de começar a vir a trabalho: em Angola em janeiro/2004, e na África do Sul em janeiro/2005 (Cape Town e Sun City), de férias - se eu soubesse teria esperado um pouco mais para não precisar gastar a passagem do meu dinheiro! :-)

Em Angola tive um primeiro choque:
Do avião você já vê uma cidade imensa, ruas de barro, casas feitas de tijolos de concreto e telhados de amianto, sem árvores (foto aí em cima, tirada da janela do avião)... Dentre as cidades e países que eu conheço, definitivamente Luanda é a mais caótica: prédios destruídos pelos 30 anos de guerra civil, muito lixo nas ruas, milhares de pessoas em situação précária de infra-estrutura de serviços, trânsito caótico. Naquele momento passei 15 dias convivendo com contrastes: condomínios maravilhosos, luxuosos, motoristas particulares nos Jeeps Prada, 4x4; quando saíamos do condomínio, nos deparávamos com a pobreza, miséria. Uma grande favela plana, que se estende por muitos quilômetros.

Quando estive pela primeira vez na África do Sul, primeiramente vi cidades maravilhosas, natureza exuberante, modernidade, porém, dentro da extensão urbana. Quando se sai da cidade, quilômetros e quilômetros de pessoas vivendo como os acampamentos do MST - barracos de lona, madeira, plástico. Um contraste social que impressiona.

A África é assim: um continente de diferentes culturas, povos, raças. Natureza exuberante, inexplorada, riquezas naturais, os "big five"... Porém uma terra com um grande histórico de conflitos, provocados pela irresponsabilidade dos países colonizadores, que dividiram povos, uniram em um mesmo território os rivais, o que gerou durante tantos anos guerras, destruição e miséria.

Mas o interessante é que quando saímos das grandes cidades, já "inchadas" e sofridas com o efeito favelização das tantas famílias que vieram em busca de oportunidades, temos a possibilidade ver cenas que de fato mostram a origem daquele povo, nos dando a chance de entender os seus valores, seu modo de vida.

E é isso que realmente faz a gente refletir: às vezes pensamos que ser "normal" é viver a nossa vida capitalista, ter o nosso trabalho, nossa família, ganhar nosso dinheiro para ter momentos de lazer, ter o sonho de conhecer a Europa e ver outras realidades de longe, mas sem nunca realmente entendê-las.
Mas tudo muda quando você passa por certas experiências, vendo que existem muitas maneiras de ser "normal", e o quanto é interessante entender as outras culturas, valores, modo de vida, e passar a ver as coisas de um outro ângulo.

Hoje posso dizer o quanto amo o meu trabalho, essa oportunidade de lidar com pessoas tão diferentes, e aprender tanto com cada uma delas.

(nos próximos posts poderei contar mais sobre cada lugar...)

Vida nova...

Engraçado... Na minha despedida do trabalho me pediram: "Envia de vez em quando suas impressões da África", daí eu respondi: "Boa idéia! Acho que vou criar um blog para compartilhar minhas experiências.".
Eu não imaginava que era tão fácil... Eu sempre tive um certo preconceito com essa história de Blog. Achei que nunca teria paciência, mas resolvi tentar.

Hope you enjoy it!